quarta-feira, 22 de julho de 2009

Poesias e Sonetos classificados no 3º Concurso Gioconda Labecca - 2009


Poesias


1º Lugar: Antônio Roberto de Carvalho – São Paulo/SP
Título: Ciclo

O tempo acumula, nas horas vividas,
as graves feridas que o mundo oferece,
porém armazena também a ventura,
a doce ternura que á alma enternece.

Da influência inocente perduram os sonhos
dos anos risonhos, repletos de alvores...
as cismas voláteis, risíveis projetos
- pilares secretos de ingênuos amores -.

E na juventude a robusta pujança
da luz da esperança a apontar sempre à frente...
A alma radiosa é um farto celeiro
e o mundo um canteiro esperando a semente.

E chega a velhice trazendo o sossego,
o terno aconchego da brisa outonal...
Os sábios conselhos da longa vivência
e a lenta cadência do tempo final.

Depois vem o sono da breve passagem,
a nova paisagem da vida a se abrir...
A morte do corpo a alma liberta
e Deus nos oferta um novo porvir!

2º Lugar: Darlan Alberto T. A. Padilha – São Paulo/SP

Título: Voltei

E no súbito senti minha alma
Uma leve brisa acometer meus sentidos
O sorriso tomar de encontro à face minha
Sua voz trazer de volta razão a minha vida.

O peso perdeu seu volume
E a sonolência derramou-se ao corpo
Entre lágrimas craqueladas de sorriso
Na dança da disritimia cardíaca.

Senti-me a primeira pessoa do verbo “amar”
No presente do indicativo “você”
E neste instante, sim, eu voltei!
Voltei a ter um caminho a cursar.

Voltei transmutado em flores
Floreado de sonho
Ensolarado de risos
Entorpecido de amor.

3º Lugar: Pedro Gade Rodrigues – Goiânia/GO
Título: Versos brancos

As rimas de todas as cores
se juntaram nos meus versos
e os fizeram brancos.
Brancos como as nuvens,
que se precipitaram numa folha de papel
ou mesmo no próprio chão durão e áspero,
despejando uma ínfima parte do que eu sentia
(ou ainda sinto)
A outra parte nunca sairá de mim.

Os instantes de todos os momentos
se juntaram nos meus versos
e os fizeram brancos
Brancos como a noite escura,
brancos como a feiúra pálida,
brancos como o anonimato.

As incertezas de todas as dúvidas
se juntaram nos meus versos
e os fizeram brancos.
Brancos como a indignação sem resposta,
brancos como as frases soltas no ar,
brancos como a falta de inspiração.

As brancuras de todas as coisas
se juntaram nos meus desejos
e os fizeram versos.
Versos de angústia,
versos de revolta,
versos de amor...
Versos
de um poema branco.

4º Lugar: Tatiane Alves do Nascimento – Três Corações/MG
Título: Tempo de esperança

Enquanto o sol brilhar no céu,
Enquanto a flor na primavera se abrir,
Enquanto ainda existir uma criança
Podemos acreditar que um tempo melhor há de existir

Enquanto o planeta for girando,
Enquanto a chuva do céu cair,
Enquanto ainda houver esperança,
E alguém através dele deixar-se conduzir...

Ainda haverá tempo de ser feliz!
Ainda haverá tempo de reconstruir o futuro!
De abondonar os erros e sepultar o passado,
De lutar pelo hoje com alegria e viver um amanhã realizado!

E ainda há tempo de lutar em preservação da vida!
E que todos se conscientizem que a natureza é o nosso lar!
Ainda há tempo de lutar pela preservação das matas, florestas e rios.
Ainda há tempo de esperança.
Enquanto o ser humano por aqui se habitar.

O tempo de lutar pela preservação da vida é agora.
Não deixe o seu valioso tempo se desperdiçar
Ainda há tempo para um novo dia,
Só não há mais tempo para esperar.

5º Lugar: Amélia Marcionila Raposo da Luz – Pirapetinga/MG
Título: A terceira mão

A terceira mão, é a da inclusão,
é a mão da vida! Aquela que agarra
a oportunidade na hora preferida!
É a que dá as cartas, bate o curinga
Enfrenta o desafio, supera o fracasso
Arranca o espinho, cumpre o dever
ao ter a impressão digital
Que identifica mão é a mão do perdão,
é a que consola, a que afaga,
a que apaga a dor do amor perdido
na hora amarga da solidão!
É a que dá de beber, a que estende a esmola,
a que vai embora e a que dá o último adeus...
É aquela que firme, segura as rédeas,
do cavalo a galope do destino, na noite escura!
É a mão que, sensível, procura o corpo frágil,
da mulher-amante, e sai de braços dados,
no dia dos namorados
na passarela dos invisíveis.
É a que fecha as cortinas,
a que despetala em silêncio a rosa do amor
na hora plena do encontro dos apaixonados...
É a mão benta do menino que escreve o poema
na luz rara da manhã ensolarada...
É a mão da liberdade que abre a mala dos segredos
e deixa sair o último pássaro prisioneiro,
em vôo livre, passageiro!

6º Lugar: Igor Silva Ferreira – Contagem/MG
Título: Lágrimas no sertão

Nesse chão árido onde a chuva
insiste em não chegar,
faço a minha sina
batendo a enxada devagar.

Veja bem!
Aqui o pássaro parou de cantar
a terra está com sede
e sua pele não para de trincar.

Aqui o sol brilha mais forte,
o suor em meu rosto escorre.
Nesse árduo trabalho,
A vida me leva cedo e pobre.

As crianças morrem,
as mães choram,
e as que vivem
tem sua sina escrita no árido.

Estou pálido,
endureci em meu traje.
Estou hibernando nesse meu pobre mundo,
onde verei o paraíso cedo ou tarde.

7º Lugar: Lenita Jaolino Alves Pinto – Rio de Janeiro/RJ
Título: O triunfo do amor

O tempo, o eterno presente,
No passar de nossas vidas,
Mostra-nos, sempre possível,
O milagre da transformação.
Quando as virtudes se ausentam
Das nossas lutas diárias,
O tempo, amigo constante.
Faz-nos da mente operária.
Na busca da solução.
Tolerância e paciência cantam
Lindas melodias
E tudo, que era feio antes...
Como é lindo, em poucos dias!
Passaram-se, assim os momentos.
Nestes cinqüenta anos vividos.
Alternam-se sofrimentos, venturas e alegrias.
Se soubermos avaliar,
Com sensibilidade oportuna,
veremos que o tempo, divino amigo,
Incentiva-nos à luta
Construtiva e consciente,
Para, no final da labuta,
o amor, nunca, nunca ausente,
sempre, sempre triunfar.

8º Lugar: Gisela Lopes Peçanha – Niterói/RJ
Título: Lavas bordadas

Pousa o amor na neve branca,
tornando água, o seu degelo.
Com seus fios de lava escarlate,
caldas bordadas de desespero.
Amor com paixão infiltrada,
amor com patas de monstro do gelo,
aguando as almas mais fundas e cálidas,
tornando o fogo o que é frio e seco.
Qual torrente com presas me invade,
de mim mesmo, nenhuma pena.
Cofre selado deste amor covarde,
me sufocando com seu beijo lento.
Fuga não há, nem há outra estrada
que me leve à brisa da calmaria.
Fechar os olhos do amor, é tarde...
Eles me olham, vigiam meus dias.
mas hei de livrar-me da noite grande,
emoldurada em sua alva geleira,
da paixão que enlaçou meus braços
e que seja ela, a derradeira.
Derradeira paixão, vá-te embora!
Aros de fogo em outras noites frias!
E de ti, fica apenas a saudade
do que fui antes, sem tua agonia.

9º Lugar: Peroni Brigoni – São Paulo/SP
Título: Incógnita

Oh, sentimento indecifrável,
de codinome Amor.
Nem o mortal mais afável,
desvendou o seu teor.
Atinge-nos de repente,
de sãos, nos torna dementes.
Tem duas faces sedutoras
cada qual avassaladora,
uma é o amor; outra a paixão;
peritos atiradores nos alvejam o coração.
O amor bate à porta, sem promessa,
a paixão, lanciante, se arremessa.
O amor é eficaz terapia;
a paixão, a mais doce utopia.
Amor, manancial de águas mansas,
paixão, a insensatez das crianças.
O amor é ameno e paciente,
a paixão, impetuosa e ardente.
Ao amor, longínqua onda ociosa,
a paixão, a coisa mais gostosa!
O amor nos aquece lentamente,
a paixão nos incendeia subitamente.
O amor é o paliativo da dor,
a paixão, o combustível do amor.
O amor, olorosa brisa suave;
a paixão, impiedosa tempestade.
O amor equilibrado se acalma até com o olfato,
a paixão sendo ansiosa, só sossega com contato,
ambos vêm se confundindo numa recíproca verdadeira;
já que o amor é eterno e a paixão tão passageira!

10º Lugar: Gonzaga Araújo Lins – Rio de Janeiro/RJ
Título: Oscilações

Meu verbo saiu do tempo,
não mais é o conjugado;
mantem-se em meio às brumas
qual órfão abandonado.
Restringe-se a letras soltas,
no vácuo perde ação,
lembra solitário espantalho
em antíteses da emoção.
Distante da léxica e da lógica,
caminha na contra-mão,
análise ficou no esboço,
síntese sem tradução.
Mas, ao dobrar certa esquina,
em milagre de ressureição,
vislumbra imagem querida,
volta a dar ritmo à canção.


Sonetos

1º Lugar: Reginaldo Costa de Albuquerque – Campo Grande/MS
Título: Ressureição

Eis que volto ao parquinho abandonado...
De fato, está bem gasto, sem valia,
porções de entulho e mato lado a lado,
em vez da meninada em correria.

Olhandoo carrossel empoeirado
não sei o que dá mais melancolia,
se o céu de luto todo declarado
ou nossa dupla de alazães vazia.

Ontem, quantos passeios demos juntos!
Hoje, nesses cavalos já defuntos,
encontro apenas restos de ilusão.

Mas um clarão de lendas muda o enredo...
Torna a girar o mágico brinquedo,
com a tua imagem me estendendo a mão...


2º Lugar: João Augusto Luna Fernandes – Rio de Janeiro/RJ
Título: Redivivo

Fiz poemas de amor, quando era moço...
Todo poeta os faz na mocidade.
O amor é, quase sempre, nessa idade,
um castelo de sonhos, em esboço...

Depois, a vida mostra a realidade
e torna o amor mais tíbio e mais insosso...
E de cada castelo fica o estroço...
E de cada paixão fica a saudade...

Hoje, quem quer que leia os meus poemas,
pela diversidade de seus temas.
há de ver que o amor perdeu espaço...

Mas não morreu: o amor é redivivo...
E volta e meia, volta a ser motivo
de poemas de amor... Que ainda faço.


3º Lugar: Heloísa Bueno de Moraes – Itapira/SP
Título: Vida

Ferem fundo os olhos inocentes
as cenas rudes vistas nas cidades:
velhos pobres, homens indigentes,
sem carinho ou nome, só saudades.

E, além deles, há também crianças,
à própria sorte e ao mundo abandonadas
sem educação, cuidado ou infância,
nascem e crescem marginalizadas.

O coração amigo quando olha
se comove e sente incomodado:
quer a justiça feita, sem demora.

Estende as suas mãos enternecidas
para aquele irmão que sofre e chora,
pois sabe que amar é crer na vida.


4º Lugar: Kac – Rio de Janeiro/RJ
Título: Amor virtual

Tantas e tantas vezes me perdi
em pensamentos íntimos frustados
por alguém que na vida nunca vi,
só na imagem dos meus sonhos dourados.

Acordado, de nada me esqueci:
dos relacionamentos encantados.
Inusitados, belos, que vivi
na fantasia como enamorados.

Benditas são as noites rotineiras
para encontro das almas companheiras
que do plano da vida me transponho.

Na realidade para o ser humano,
perfeição, Jardim do Éden, outro plano,
são imagens vividas só em sonho!


5º Lugar: Wanderley Rodrigues Moreira – Santos/SP
Título: Aos meus semelhantes

Ah, progredir, crescer materialmente,
Desde criança, sempre procurei,
mas ao morrer, comigo irão somente
as ações que na Terra pratiquei.

Por amá-los, sempre ajo honestamente
com os meus semelhantes, porque sei
que o dinheiro é ilusão, mas certamente
necessário, por isso batalhei.

Fui bastante auxiliado pela fé,
uma aliada importante e, digo até
que, sem ela, eu teria fracassado.

Amo, até mesmos os avaros, ateus
e, em prol dos mesmos, rezo e peço a Deus:
PERDOAI-OS, Ó SENHOR! MEU PAI AMADO!!


6º Lugar: Antônio José Barradas Barroso – Parede/Portugal
Título: Ainda, mais amor

Busquei, querido amor, lá nesses céus,
a luz que me dá vida, que me guia,
busquei a sua origem, dia dia,
até que a encontrei nos olhos teus.

Ergui, bem alto, a voz, orei a Deus
e pedi-lhe, repleto de alegria,
que as emoções que, junto a ti, sentia,
pudessem ser, prá sempre, os sonhos meus.

E se o amor me diz que a busca é finda,
meu coração desperta em mil natais
cada um deles brilhando em cor tão linda.

Que os nossos segredos serão iguais:
- tu dizes que me queres mais ainda!
- eu juro que te quero ainda mais!


7º Lugar: Roberto Gonçalves – Lorena/SP
Título: Jardim de pepinos

O amor exige rosas, ramalhetes
até mesmo do chão agricultor
que se preocupa mais com rabanetes
que com a cor das pétalas de flor.

Presentes para a amada são legumes
mas ela os recusa – fica a dor.
- Por que esse amor belo não assumes?
Pergunta-lhe o pasmo lavrador.

_ Eu quero alegria, meu senhor,
e não pensar em frutos e meninos,
trabalho, sofrimento e suor.

Jardim do nosso pobre sonhador
é feito de verduras e pepinos
e não do colorido do amor.


8º Lugar: de Mello Coelho – São Lourenço do Sul/RS
Título: Sob poncho da saudade

Cai a tarde, emponchada de saudade,
enquanto o rosicler do pôr-do-sol,
acende a chama da afetividade,
com seus belos matizes de arrebol.

Meu pobre coração enternecido,
busca em suas ruínas, um tição,
daquele louco amor por nós vivido,
pra reacender a chama da paixão.

Nas cinzas da tapera, busco alento
e os por quês?... de tanto sofrimento,
por não ter o teu amor, teus doces beijos.

O meu viver sem ti é noite escura,
sem lua, sem estrelas, sem ternura,
num frio e triste catre de desejos.


9º Lugar: Paccola – São Paulo/SP
Título: Nosso amor

Nosso amor não é só feito de sonho.
O sonho, quando é bom, acaba logo.
Não é só o poema que componho,
ou o oceano profundo em que me jogo.

Se fosse o mar imenso em que me afogo,
ou o que, por terminar, é enfadonho,
seria o papel com que não dialogo,
como tudo o que seduz e é medonho.

Nosso amor não é somente o desejo.
O desejo é, por si, só, irrefreável.
Não é a busca do que mais almejo.

porque meu coração é insaciável.
Nosso amor não existe por ensejo.
Nosso amor é um fato inevitável.


10º Lugar: Tavares – Nova Friburgo/RJ
Título: Esse amor

Na esperança e veredas escondidas,
caminhando, passo a passo, passeio,
procuro minhas emoções perdidas
sentindo no meu peito grande anseio.

Perco-me nas lembranças esquecidas
onde o amor transformou-se em devaneio,
em saudade e nas lágrimas sentidas
de alegria ou dor, sempre de permeio.

Mas o amor, no coração, não perece,
claro, pois há um constante renascer,
é uma estrela de luz e resplandece.

Sei que um dia a procura terá fim
e certamente irei reconhecer
o sentimento que há dentro de mim!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Maria Martins nasceu em Campanha em 1894 e faleceu no Rio de Janeiro em 1973

A grande maioria dos documentos e registros jornalísticos relata que Maria Martins, filha de João Luiz Alves nasceu em 1900 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1973.

Estive no Cartório de Registro Civil de Giovana Vianna Arantes Reis Fonseca e obtive cópia da certidão de nascimento que Maria de Lourdes nasceu no dia 7 de agosto de 1894, às 10h00 em Campanha/MG, filha de João Luiz Alves e Fernandina de Faria Alves. Sendo avós paternos João Luis Alves e dona Barbara Luisa Barbosa Alves e maternos Fernando Antônio de Faria e Maria Victoria Pereira de Faria.


Curiosamente uma das testemunhas para este registro foi Euclides da Cunha, que esteve em Campanha por quase dois anos. Em julho daquele ano, nascera Euclides da Cunha Filho, e João Luiz e Francisco Brandão haviam sido as testemunhas no cartório, numa troca de gentilezas entre amigos. (Livro 02, registro número 4, folha 20v).